domingo, 6 de setembro de 2009
LEVITA
outrora
éramos todos
tão bestiais e ciumentos
como uma árvore
que namora o lugar
e não parte
ou como um dilúvio
de leitos
que de tão dessarrumados
mal parecem com
o tempo onde vivemos
reza a lenda
(oh, palavrinha besta)
onde quase tudo que deixamos no passado
soa como um zumbido
estranho e alucinador
acho que viemos do nada
assim como quem
nunca pensou em viver
porque
convenhamos
hoje a vida não passa
de uma infinidade
de repetições estéticas
tudo que vemos
achamos tudo igual
tudo assim como uma
ressonância métrica
quem hoje nasce
tem um risco enorme
de não saber como ser
repetitivo e inábil
esse tempo está louco mesmo
nem sei mais o que dizer
nem sei se resta o final
só um abalroamento de
tudo por onde nossos olhos passaram
tudo está desmiolado
e demiurgo
como uma praça
rodeada de ciprestes
e glossários negros
um dia
jamais voltarei
ficarei em círculos
pelas sombras do tempo
que já nem sei quem sou.
Cgurgel
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